Projeto Mika e as bordadeiras
Cresci vendo minha vó cerzindo nossas meias, calças e camisas. Eu a via saindo da cama sempre muito cedo para preparar o pão caseiro e, logo em seguida, colher no terreiro ervas para se fazer chás. Com minha madrinha fiz minha primeira correntinha de crochê, ela também me ensinou a pintar panos de pratos e fazer minha primeira costura em máquina. O artesanal veio de casa, a arte foi sendo plantada em mim assim, devagarinho. Tendo sempre a pensar que o sagrado está também em nossas mãos, em nossas mães.
Esse projeto Mika e as bordadeiras, se inicia por saber do valor, da força e da sabedoria das mulheres que se fazem artesãs pela necessidade de trazer para dentro de suas casas uma renda extra e também ver nisso uma forma de ter o seu valor um pouco mais reconhecido. A verdade é que elas são verdadeiramente artistas, mas a gente bem sabe que fazer da arte única renda é uma tarefa bastante desafiadora.
Quem hoje borda essa história são quatro mulheres que vivem em Piraquara, região metropolitana de Curitiba. As quatro fizeram juntas um curso de bordado no ano de 2022 numa instituição sem fins lucrativos.
Bordados disponíveis para compra https://www.mikamesmo.com/bordados/
Na foto: Ines, Marise, eu, Onoria e Otília
Otília, 82 anos. Estuda na parte da noite, onde está em processo de alfabetização e letramento. Vê nos trabalhos manuais uma maneira de cuidar da cabeça e de si. Diz que não tem tempo para gastar pensando em bobagens. Além de saber que o bordado e as demais atividade artesanais são coisas que lhe fazem bem, sabe também da importância financeira que o artesanato tem em sua vida.
Marise, 61 anos, bordadeira desde os 5, aprendeu os primeiros pontos com sua mãe. Hoje borda e inventa vários outros artesanatos, me contou que vem fazendo disso uma segunda fonte de renda. Pelo seu bairro costura diferentes caminhos com sua bicicleta, que também se tornou sua grande paixão.
Honoria, 62 anos, baiana conversadeira, carrega consigo muitas histórias de uma infância e de uma juventude partilhada com muitos irmãos. Enfrentou diversos desafios ao se mudar para a capital Curitibana. Hoje diz amar morar nessa cidade e não se imagina vivendo em outro lugar. Após a pandemia viu no artesanato uma maneira de fazer disso uma renda extra. Honoria estuda junto com Otília, as duas estão no processo de alfabetização e letramento.
Ines, 62 anos. Cresceu fazendo bordados, tricôs e crochês que aprendera dentro de casa. Hoje trabalha fazendo costuras, cuidando de crianças e fazendo artesanatos. Ines vê no bordado uma fonte de renda e uma maneira de fazer algo que ama.
Bordados disponíveis para compra https://www.mikamesmo.com/bordados/